quinta-feira, 18 de novembro de 2010

3º FILME - QUASE DEUSES,



O filme Quase Deuses é uma obra inteligente, humana, sensível, compassiva e singela que dramatiza a magnífica história de um negro que superou adversidades incríveis em nome de seu sonho.
O filme narra a história real de Vivien Thomas (1910-1985), afro-americano, afetado pela Grande Depressão dos EUA, que sonhava em ser médico. Após conseguir emprego na Clínica Vanderbilt como faxineiro, começa a estudar os experimentos feitos pelo célebre Dr. Alfred Blalock e logo passa a auxiliá-lo. Autodidata, Vivien  faz importantes descobertas na medicina juntamente com o Dr. Blalock, resultando na primeira cirurgia cardíaca do mundo. Apesar de sua genialidade, esteve sempre à sombra das aclamações por ser negro, e não conseguiu cursar a medicina, tendo todo seu trabalho reconhecido após receber o tardio prêmio de Doutor Honoris Causa.
A película se ambienta na Grande Depressão, recessão econômica dos EUA no início da década de 30, resultando em altas taxas de desemprego, e queda exorbitante da produção industrial e de renda, resultando no confisco do dinheiro em bancos, motivo pelo qual Vivien perdeu suas economias. O filme percorre sobre a metodologia usada pela medicina na época, onde não se dispunha de recursos tecnológicos como ferramenta, na busca constante da técnica mais apurada para diagnóstico e cura. Mas o foco implícito deste filme é a narrativa da Segregação Racial, onde naquela época nos EUA, os negros eram discriminados, separados como raça inferior, vivendo numa liberdade escravizada, tratados como escória, marginalizados em tudo, onde não podiam freqüentar ambientes destinados à elite branca, até mesmo dentro das instituições públicas.
O irmão de Vivien, manifesta a luta por igualdade de salário entre professores negros e brancos, dá ao filme um caráter analítico, onde os grandes vilões são a ignorância e a discriminação racial. O filme é informativo, mas sua entrelinha  mostra-nos  uma lição de humanidade, perseverança, superação, luta contra o preconceito racial e quebra das idéias formadas, seja cientifica ou religiosa.
A Grande Depressão, também chamada por vezes de Crise de 1929, foi uma grande depressão econômica que teve início em 1929, e que persistiu ao longo da década de 1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial.
A Grande Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX.
A produção industrial americana já havia começado a cair a partir de julho do mesmo ano, causando um período de leve recessão econômica que se estendeu até 24 de outubro, quando valores de ações na bolsa de valores de Nova Iorque caíram drasticamente, desencadeando a Quinta- Feira Negra. Assim, milhares de acionistas perderam, literalmente da noite para o dia, grandes somas em dinheiro.
Os efeitos da Grande Depressão foram sentidos no mundo inteiro. Estes efeitos, bem como sua intensidade, variaram de país a país. Outros países, além dos Estados Unidos, que foram duramente atingidos pela Grande Depressão foram a Alemanha, Holanda, França, Itália e Reino Unido e, especialmente, o Canadá. Porém, em certos países pouco industrializados naquela época, como a Argentina e o Brasil (que não conseguiu vender o café que tinha para outros países), a Grande Depressão acelerou o processo de industrialização.
Mas isso já é um outro assunto da História que passa pelo filme, não é o foco do filme, mas um pano de fundo para a história verídica de Vivien e Blalock.

Bom filme!

domingo, 12 de setembro de 2010

2º FILME: HOTEL RUANDA , 2004


Permitam-me dizer que o filme Hotel Ruanda, de 2004 dirigido por Terry George, é uma daquelas pequenas pérolas que ocasionalmente são lançadas pelo cinema.
Trata-se de um filme de grandes qualidades e que, entre todas elas, tem como seu maior trunfo levar o grande público a refletir sobre as desgraças que afligem o continente africano e a verdadeiramente se sensibilizar e mobilizar-se em favor de maior justiça, paz e harmonia no mundo em que vivemos.
O filme conta a História real de Paul Rusesabagina (Don Cheadle, indicado ao Oscar pelo papel) é gerente do hotel Milles Collines em Ruanda. Esse estabelecimento recebe hóspedes do mundo todo e é muito conceituado pela qualidade de seus serviços e acomodações. Trata-se, evidentemente, de um hotel de luxo. Apesar de trabalhar nesse ambiente rico e privilegiado e também de ter uma vida confortável numa casa de bom padrão, Paul vive num país a beira do caos, uma autêntica bomba relógio prestes a explodir...
Seu país é uma ex-colônia belga dividida entre duas etnias, os hutus e os tutsis. Avesso aos problemas políticos, Paul é uma pessoa muito bem informada quanto às pendências e disputas por trabalhar num dos locais onde se reúnem autoridades locais e internacionais que discutem o futuro de Ruanda. Pelos corredores de seu hotel circulam diplomatas, políticos, generais, representantes das Nações Unidas, investidores estrangeiros e turistas.
O hotel Milles Collines, em virtude de sua importante clientela internacional, torna-se então um local relativamente protegido contra os abusos e violências praticados na guerra. Quando estoura o conflito muitas pessoas (tanto da população local quanto estrangeiros que estão no país) buscam refúgio no estabelecimento gerenciado por Rusesabagina.
É nesse momento que se revela a grande história que movimenta o filme e que sensibiliza os espectadores, Paul recebe os refugiados e se torna protetor de todos aqueles que estão escondidos no Milles Collines, inclusive sua mulher e filhos.
Hotel Ruanda é um filme que tem como temática central a humanidade de seu personagem principal. Paul Rusesabagina é um daqueles anônimos heróis do cotidiano que, a despeito de qualquer glória que possam atingir, age movido pelo coração e pela fé apesar do medo e das ameaças que sofre. Numa atmosfera em que a morte ronda a todos (há milhares de corpos de vítimas inocentes jogados pelas ruas e rios da região), era preciso ter muita coragem e dignidade para enfrentar as hostilidades e é nesse quesito que a história contada em Hotel Ruanda conquista espectadores no mundo inteiro.
O jornalista Jack Daglish (interpretado por Joaquin Phoenix) volta das ruas com fortes imagens do horror da guerra. Inúmeros mortos espalhados pelo chão enquanto as violentas ações continuam aparecem nas filmagens mostradas pelo repórter ao chefe de sua equipe e são também vistas por Paul Rusesabagina. Preocupado com a reação do gerente do hotel, Daglish se desculpa e Paul responde que acha importante que a comunidade internacional saiba dos acontecimentos em Ruanda para que se mobilize. A resposta do jornalista é então sintomática quanto à repercussão desses ocorridos quando ele diz que as pessoas verão isso enquanto jantam, se sentirão sensibilizadas e, depois de alguns segundos de indignação, retornarão as suas refeições..
A África é um continente esquecido e abandonado, em especial os países que não dispõem de petróleo, ouro, diamantes ou outros produtos de grande interesse comercial. Destruída por guerras em certas regiões, padecendo com epidemias de grandes proporções (como a Aids), sofrendo com as guerras pelo poder e a ambição desmedida de líderes corruptos e despóticos, o berço da humanidade foi deixado a sua própria sorte, sem amparo e projetos de recuperação por parte da comunidade internacional. O humanitarismo percebido nas ações de Paul Rusesabagina não pode ser desprezado . Carecemos de mais exemplos de solidariedade, dignidade, coragem e ética. 

Atualmente, Paul Rusesabagina vive em Kraainem, na Belgica com sua esposa Tatiana, seus filhos e seus sobrinhos, onde montou uma empresa de transportes.
Ficha Técnica
Hotel Ruanda
Título Original: Hotel Rwanda
País/Ano de produção: EUA/Itália/África do Sul, 2004
Duração/Gênero: 121 min., Drama
Direção de Terry George
Roteiro de Keir Pearson e Terry George
Elenco: Don Cheadle, Desmond Dube, Hakeem Kae-Kazim,
Tony Kgoroge, Neil McCarthy, Nick Nolte, Sophie Okonedo,
Joachin Phoenix, Fana Mokoeda.

BOM FILME !

sábado, 11 de setembro de 2010

1º FILME : LUTERO ( 2003).

 LUTERO, O FILME.
SINOPSE E FICHA TÉCNICA:

Começamos nosso blog, falando de um filme surpreendentemente bem elaborado, com um bom roteiro que retrata a situação política e social dos Estados Alemães e que consequentemente conduz à Reforma Protestante do século XVI, através do monge alemão Martinho Lutero.

Martinho Lutero (1483-1546) foi o grande protagonista do movimento  da Reforma Protestante do século XVI.
A primeira cena do filme apresenta a lenda segundo a qual o jovem Lutero foi atingido por um raio e jurou tornar-se monge.
Martin Lutero carregou consigo, durante algum tempo, um extremo desejo de se tornar padre. Lutero obteve um desequilíbrio emocional em sua primeira missa , vendo  seu pai opor-se à ideia de ele ser monge. Dúvidas  pairavam em sua mente e começaram a ganhar força.
Quase imediatamente o vemos se torturando com sentimentos de culpa por pecados reais e imaginados. Ele anseia por um Deus de misericórdia, capaz de perdoar, em lugar de apenas castigar cruelmente.
Seu mentor, Johann von Staupitz (Bruno Ganz), rapidamente o envia primeiro a Roma e em seguida, à Universidade de Wittenberg.

Lutero refletiu muito quando voltara de Roma, onde pode visualizar com seus próprios olhos cenas polêmicas referentes às atuações dos "representantes de Deus". Martin identificou, por exemplo, a existência de prostíbulos "específicos" para monges, centenas de pessoas entregando o pouco que possuíam para seu sustento em nome da "salvação" pregada pelos lideres católico. A partir deste momento, tais questionamentos sobre a postura da Igreja Católica começaram a incomodar os conceitos de Lutero, que acreditava na existência de um caminho "gratuito" ao amor de Cristo e da salvação. Em 1507 chegou a Enfurt, na Alemanha para trabalhar como professor de Teologia na Universidade de Wittemberg que fora fundada pelo Príncipe Frederico III.
Frederico III sempre mostrou admiração por Lutero, talvez por sua enorme habilidade e dedicação presente em suas aulas, seja também por meio de seu profundo conhecimento teólogo, etc.
Tetzel participava do processo de inquisição da Igreja. Deslocou-se da Espanha para Wittenberg, com intuito de trazer aos fiéis uma "esperança divina", visto que o julgamento de Deus estaria próximo. Tetzel proferiu um discurso aos fiéis da região com direito a imagens do purgatório para que os "verdadeiros tementes a Deus" pudessem conhecer o seu poder, recomendando assim, a compra da "passagem" ou livramento do purgatório. Alguns moradores da região "adquiriram" seu livramento após serem convencidos pela Igreja. Essas pessoas se encontraram com Lutero, que por sua vez, se mostrava piamente contra as indulgências, mencionando que tudo não passava de papéis com dizeres de meros homens. Martin Lutero alegava ainda, que somente o amor de Cristo era capaz de providenciar paz de espírito, o alcance deste amor era oferecido por meio da Bíblia, gratuitamente. A Igreja Católica centralizava seu poder sobre os fieis privando-os de possuírem um exemplar da bíblia, sob alegação que jamais poderiam entendê-la, devido a sua complexidade. Diziam ainda que o papel de ensinar as orientações de Deus era uma responsabilidade exclusiva da Igreja Católica, "comandada" pelo Papa.
Lutero pregou  95 teses pessoalmente na porta da Catedral de Wittemberg. Fiéis da região passaram a ler o que havia nos papéis afixados. Em seguida, os escritos de Martin foram publicados em grande escala, atingindo assim, um maior número de pessoas, inclusive o Papa obteve rápido acesso deste material.
Sua luta se intensifica  . Obrigado a se redimir publicamente, se recusa a negar os seus escritos até que a Igreja Católica consiga provar que suas palavras contradizem a Bíblica.
Assim que a Igreja tomara conhecimento dos pensamentos de Lutero com respeito às "verdades" do catolicismo, o Papa Leão X designou um de seus cardeais para conversar pessoalmente sobre o assunto. Lutero respeitou tal solicitação e conversou com um representante oficial do Papado. Nesta ocasião, muitos achavam que Martin revogaria suas afirmações em respeito à Santa Igreja. Alguns de seus companheiros mais achegados o aconselharam a não desafiar Leão X, com receio à ser condenado como um herege frente a "Santa Igreja". O próprio Cardeal jamais esperava ouvir a reafirmação de Lutero sobre tudo o que já havia escutado por meio de outras pessoas e, sobretudo, pro meio de suas teses. A partir deste momento, Lutero deixou de ser considerado católico, definitivamente.
Martin Lutero não ficou livre das intenções da Igreja em julgá-lo pela elaboração das 95 teses. Leão X queria um "julgamento" em Roma. O Príncipe Frederico não concordou com as intenções da Igreja e conseguiu um acordo com seu sucessor, Carlos V para que tal situação ocorresse em Wittemberg. O Imperador disse ainda seria montado um esquema de segurança para Lutero, com intuito de acompanhá-lo até os limites da região. Esta segunda parte do acordo não foi realizada por Carlos V. Foi neste momento que Frederico demonstrou seu verdadeiro apreço por Lutero, providenciando alguns de seus homens para o "capturarem" antes da Igreja. Enquanto estava escondido, Lutero ganhou tempo para traduzir a Palavra de Deus para língua alemã. Desta forma, ele esperava poder oferecer o acesso da bíblia a muitas outras pessoas que estavam verdadeiramente interessadas. Um dos exemplares fora dedicado especialmente ao Príncipe Frederico, que o aceitou de muito bom grado.
Matin Lutero sem dúvida, provocou uma verdadeira reforma religiosa, inclusive na Alemanha. Muitos acompanharam suas idéias e deixaram para trás as doutrinas "sugeridas" pela Igreja Católica. Houve grandes confrontos entre protestantes e católicos, inúmeras pessoas morreram. A Catedral de Wittemberg não escapou da devassa dos revoltosos. Lutero pôde presenciar os estragos após a "guerra santa" em Wittemberg desencadeada e liderada por seu amigo professor da Universidade. Martin jamais admitira que o ocorrido fora em conseqüência do que ele pregava. Pois suas ideologias estavam, segundo ele, embasadas no verdadeiro amor de Cristo não em desrespeito, violência e revolta. A "cúpula" que compunha o reinado de Carlos V deu total apoio negando-se a condenar Lutero com o herege, foi uma verdadeira vitória para aqueles que apoiavam as idéias luteranas.
 Após seu casamento com Katharine Von Bora, uma freira que havia lido todo material de Lutero e queria muito o conhecer pessoalmente. Lutero ainda pregou seus entendimentos por mais dezesseis anos. Lutero morreu em 1546, aos 63 anos. Muitos dos que vieram a conhecer seus escritos ficaram de seu lado, dando continuidade ao processo de expansão da Reforma. Os efeitos do protesto de Lutero perpetuam na sociedade alemã e em todo mundo.

Ficha Técnica:
Título original: Luther
Gênero: Drama
Ano: 2003.
Distribuidora: Pandora /Casablanca.
classificação: 12 anos.
Duração: 112 min
Diretor : Eric Till
Elenco Principal:
Martim Lutero (Joseph Fiennes)
Katharine Von Bora (Claire Cox)
Tetzel (Alfred Molina)
Príncipe Frederico III (Peter Ustinov)
Papa Leão X (Owe Ochsenk Neecht)
Carlos V (Torben Liebremcht)

Bom filme !